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Fonte:
Evangelho
Segundo o Espiritismo – Introdução Preâmbulo: Do
fato de haver Jesus conhecido a seita dos essênios, fora errôneo concluir-se
que a sua doutrina hauriu-a ele na dessa seita e que, se houvera vivido noutro
meio, teria professado outros princípios. As grandes idéias jamais irrompem de
súbito. As que se assentam sobre a verdade sempre têm precursores que lhes
preparam parcialmente os caminhos. Depois, em chegando o tempo, envia Deus um
homem com a missão de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, de
reuni-los em corpo de doutrina. Desse
modo, não surgindo bruscamente, a idéia, ao aparecer, encontra espíritos
dispostos a aceitá-la. Tal o que se deu com a idéia cristã, que foi
pressentida muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, tendo por principais
precursores Sócrates e Platão.
Sócrates,
como o Cristo, nada escreveu, ou, pelo menos, nenhum escrito deixou. Como o
Cristo, teve a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as
crenças que encontrara e colocado a virtude real acima da hipocrisia e do
simulacro das formas; por haver, numa palavra, combatido os preconceitos
religiosos. Do mesmo modo que Jesus, a quem os fariseus acusavam de estar
corrompendo o povo com os ensinamentos que lhe ministrava, também ele foi
acusado, pelos fariseus do seu tempo, visto que sempre os houve em todas as épocas,
por proclamar o dogma da unidade de Deus, da imortalidade da alma e da vida
futura. Assim como a doutrina de Jesus só a conhecemos pelo que escreveram seus
discípulos, da de Sócrates só temos conhecimento pelos escritos de seu discípulo
Platão. Julgamos conveniente resumir aqui os pontos de maior relevo, para
mostrar a concordância deles com os princípios do Cristianismo. Aos
que considerarem esse paralelo uma profanação e pretendam que não pode haver
paridade entre a doutrina de um pagão e a do Cristo, diremos que não era pagã
a de Sócrates, pois que objetivava combater o paganismo; que a de Jesus, mais
completa e mais depurada do que aquela, nada tem que perder com a comparação;
que a grandeza da missão divina do Cristo não pode ser diminuída; que, ao
demais, trata-se de um fato da História, que a ninguém será possível apagar.
O homem há chegado a um ponto em que a luz emerge por si mesma de sob o
alqueire. Ele se acha maduro bastante para encará-la de frente; tanto pior para
os que não ousem abrir os olhos. Chegou o tempo de se considerarem as coisas de
modo amplo e elevado, não mais do ponto de vista mesquinho e acanhado dos
interesses de seitas e de castas. Além
disso, estas citações provarão que, se Sócrates e Platão pressentiram a idéia
cristã, em seus escritos também se nos deparam os princípios fundamentais do
Espiritismo. Resumo
da Doutrina de Sócrates e Platão: I.
“O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, existia unida aos
tipos primordiais das idéias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles,
encarnando, e, recordando
o seu passado, é mais ou menos
atormentada pelo desejo de voltar a ele”. Não
se pode enunciar mais claramente a distinção e independência entre o princípio
inteligente e o princípio material. É,
além disso, a doutrina da preexistência da alma; da vaga intuição que ela
guarda de um outro mundo, a que aspira; da sua sobrevivência ao corpo; da sua
saída do mundo espiritual, para encarnar, e da sua volta a esse mesmo mundo, após
a morte. É, finalmente, o gérmen da doutrina dos Anjos decaídos. II.
“A alma se transvia e perturba, quando se serve do corpo para considerar
qualquer objeto; tem vertigem, como se estivesse ébria, porque se prende a
coisas que estão, por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que, quando
contempla a sua própria essência, dirige-se para o que é puro, eterno,
imortal, e, sendo ela dessa natureza, permanece aí ligada, por tanto tempo
quanto possa. Cessam então os seus transviamentos, pois que está unida ao que
é imutável e a esse estado da alma é que se chama sabedoria”. Assim,
ilude a si mesmo o homem que considera as coisas de modo terra-a-terra, do ponto
de vista material. Para
as apreciar com justeza, tem de as ver do alto, isto é, do ponto de vista
espiritual. Aquele, pois, que está de posse da verdadeira sabedoria, tem de
isolar do corpo a alma, para ver com os olhos do Espírito. É o que ensina o
Espiritismo. (Cap. II, nº 5.) III.
“Enquanto tivermos o nosso corpo e a alma se achar mergulhada nessa corrupção,
nunca possuiremos o objeto dos nossos desejos: a
verdade. Com efeito, o corpo nos suscita mil
obstáculos pela necessidade em que nos achamos de cuidar dele. Ao demais, ele
nos enche de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices,
de maneira que, com ele, impossível se nos torna ser ajuizados, sequer por um
instante. Mas, se não nos é possível conhecer puramente coisa alguma,
enquanto a alma nos está ligada ao corpo, de duas uma: ou jamais conheceremos a
verdade, ou só a conheceremos após a morte. Libertos da loucura do corpo,
conversaremos então, lícito é esperá-lo, com homens igualmente libertos e
conheceremos, por nós mesmos, a essência das coisas. Essa a razão porque os
verdadeiros filósofos se exercitam em morrer e a morte não se lhes afigura, de
modo nenhum, temível”. Está
aí o princípio das faculdades da alma obscurecidas por motivo dos órgãos
corporais e o da expansão dessas faculdades depois da morte. Mas trata-se
apenas de almas já depuradas; o mesmo não se dá com as almas impuras. (O
Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. II; 2ª Parte, cap. I.) IV.
“A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida e se vê de novo arrastada
para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. Erra, então,
diz-se, em torno dos monumentos e dos túmulos, junto aos quais já se têm
visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das almas que deixaram o
corpo sem estar ainda inteiramente puras, que ainda conservam alguma coisa da
forma material, o que faz que a vista humana possa percebê-las. Não são as
almas dos bons; são, porém, as dos maus, que se vêem forçadas a vagar por
esses lugares, onde arrastam consigo a pena da primeira vida que tiveram e onde
continuam a vagar até que os apetites inerentes à forma material de que se
revestiram as reconduzam a um corpo. Então, sem dúvida, retomam os mesmos
costumes que durante a primeira vida constituíam objeto de suas predileções”. Não
somente o princípio da reencarnação se acha aí claramente expresso, mas também
o estado das almas que se mantêm sob o jugo da matéria é descrito qual o
mostra o Espiritismo nas evocações. Mais ainda: no tópico acima se diz que a
reencarnação num corpo material é conseqüência da impureza da alma,
enquanto as almas purificadas se encontram isentas de reencarnar. Outra coisa não
diz o Espiritismo, acrescentando apenas que a alma, que boas resoluções tomou
na erraticidade e que possui conhecimentos adquiridos, traz, ao renascer, menos
defeitos, mais virtudes e idéias intuitivas do que tinha na sua existência
precedente. Assim,
cada existência lhe marca um progresso intelectual e moral. (O
Céu e o Inferno, 2ª Parte: Exemplos.) V.
“Após a nossa morte, o gênio (daimon, demônio), que nos fora designado
durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que têm de ser
conduzidos ao Hades, para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no
Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos
períodos”. É
a doutrina dos Anjos guardiães, ou Espíritos protetores, e das reencarnações
sucessivas, em seguida a intervalos mais ou menos longos de erraticidade. VI.
“Os demônios ocupam o espaço que separa o Céu da Terra; constituem o laço
que une o Grande Todo a si mesmo. Não entrando nunca a divindade em comunicação
direta com o homem, é por intermédio dos demônios que os deuses entram em comércio
e se entretêm com ele, quer durante a vigília, quer durante o sono”. A
palavra daimon, da qual fizeram o termo demônio, não era, na antigüidade,
tomada à má parte, como nos tempos modernos. Não designava exclusivamente
seres malfazejos, mas todos os Espíritos, em geral, dentre os quais se
destacavam os Espíritos superiores, chamados deuses, e os menos
elevados, ou demônios propriamente ditos, que comunicavam diretamente com os
homens. Também o Espiritismo diz que os Espíritos povoam o espaço; que Deus só
se comunica com os homens por intermédio dos Espíritos puros,
que são os incumbidos de lhe transmitir as vontades; que os Espíritos se
comunicam com eles durante a vigília e durante o sono. Ponde, em lugar da
palavra demônio, a palavra Espírito e tereis a doutrina espírita;
ponde a palavra anjo e tereis a doutrina cristã. VII.
“A preocupação constante do filósofo (tal como o compreendiam Sócrates e
Platão) é a de tomar o maior cuidado com a alma, menos pelo que respeita a
esta vida, que não dura mais que um instante, do que tendo em vista a
eternidade. Desde que a alma é imortal, não será prudente viver visando à
eternidade”? O
Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa. VIII.
“Se a alma é imaterial, tem de passar, após essa vida, a um mundo igualmente
invisível e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta à matéria.
Muito importa, no entanto, distinguir bem a alma pura, verdadeiramente
imaterial, que se alimente, como Deus, de ciência e pensamentos, da alma mais
ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o
divino e a retêm nos lugares da sua estada na Terra”. Sócrates
e Platão, como se vê, compreendiam perfeitamente os diferentes graus de
desmaterialização da alma. Insistem
na diversidade de situação que resulta para elas da sua maior ou menor pureza.
O que eles diziam, por intuição, o Espiritismo o prova com os inúmeros
exemplos que nos põe sob as vistas. (O
Céu e o Inferno, 2ª Parte.) IX.
“Se a morte fosse a dissolução completa do homem, muito ganhariam com a
morte. Os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vícios.
Aquele que guarnecer a alma, não de ornatos estranhos, mas com os que lhe são
próprios, só esse poderá aguardar tranqüilamente a hora da sua partida para
o outro mundo”. Equivale
isso a dizer que o materialismo, com o proclamar para depois da morte o nada,
anula toda responsabilidade moral ulterior, sendo, conseguintemente, um
incentivo para o mal; que o mau tem tudo a ganhar do nada. Somente
o homem que se despojou dos vícios e se enriqueceu de virtudes, pode esperar
com tranqüilidade o despertar na outra vida. Por meio de exemplos, que todos os
dias nos apresenta, o Espiritismo mostra quão penoso é, para o mau, o passar
desta à outra vida, a entrada na vida futura. (O
Céu e o Inferno, 2ª Parte, cap. I.) X.
“O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cuidados de que foi objeto e
dos acidentes que sofreu. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo,
ela guarda, evidentes, os traços do seu caráter, de suas afeições e as
marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida. Assim, a maior desgraça que
pode acontecer ao homem é ir para o outro mundo com a alma carregada de crimes.
Vês, Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nem Górgias podereis provar que
devamos levar outra vida que nos seja útil quando estejamos do outro lado. De
tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a de que mais
vale receber do que cometer uma injustiça e que, acima de tudo, devemos cuidar,
não de parecer, mas de ser homem de bem”. (Colóquios de Sócrates com seus
discípulos, na prisão.) Depara-se-nos
aqui outro ponto capital, confirmado hoje pela experiência: o de que a alma não
depurada conserva as idéias, as tendências, o caráter e as paixões que teve
na Terra. Não é inteiramente cristã esta máxima: mais vale receber do que
cometer uma injustiça? O mesmo pensamento exprimiu Jesus, usando desta
figura: “Se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.” (Cap.
XII, nos 7 e 8.) XI.
“De duas uma: ou a morte é uma destruição absoluta, ou é passagem da alma
para outro lugar. Se tudo tem de extinguir-se, a morte será como uma dessas
raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Todavia,
se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem para o lugar onde os
mortos se têm de reunir, que felicidade a de encontrarmos lá aqueles a quem
conhecemos! O
meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e
distinguir lá, como aqui, os que são dignos dos que se julgam tais e não o são.
Mas, é tempo de nos separarmos, eu para morrer, vós para viverdes”. (Sócrates
aos seus juízes.) Segundo
Sócrates, os que viveram na Terra se encontram após a morte e se reconhecem.
Mostra o Espiritismo que continuam as relações que entre eles se
estabeleceram, de tal maneira que a morte não é nem uma interrupção, nem a
cessação da vida, mas uma transformação, sem solução de continuidade. Houvessem
Sócrates e Platão conhecido os ensinos que o Cristo difundiu quinhentos anos
mais tarde e os que agora o Espiritismo espalha, e não teriam falado de outro
modo. Não
há nisso, entretanto, o que surpreenda, se considerarmos que as grandes
verdades são eternas e que os Espíritos adiantados hão de tê-las conhecido
antes de virem à Terra, para onde as trouxeram; que Sócrates, Platão e os
grandes filósofos daqueles tempos bem podem, depois, ter sido dos que
secundaram o Cristo na sua missão divina, escolhidos para esse fim precisamente
por se acharem, mais do que outros, em condições de lhe compreenderem as
sublimes lições; que, finalmente, pode dar-se façam eles agora parte da plêiade
dos Espíritos encarregados de ensinar aos homens as mesmas verdades. XII.
“Nunca se deve retribuir com outra uma injustiça, nem fazer mal a ninguém,
seja qual for o dano que nos hajam causado. Poucos, no entanto, serão os que
admitam esse princípio, e os que se desentenderem a tal respeito nada mais farão,
sem dúvida, do que se votarem uns aos outros mútuo desprezo”. Não
está aí o princípio de caridade, que prescreve que não se retribua o mal com
o mal e se perdoe aos inimigos? XIII.
“É pelos frutos que se conhece a árvore. Toda ação deve ser qualificada
pelo que produz: qualificá-la de má, quando dela provenha mal; de boa, quando
dê origem ao bem”. Esta
máxima: “Pelos frutos é que se conhece
a árvore”, se encontra muitas vezes repetida textualmente no Evangelho. XIV.”A
riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza não ama a si mesmo,
nem ao que é seu; ama a uma coisa que lhe é ainda mais estranha do que o que
lhe pertence. (Cap. XVI.) XV.
As mais belas preces e os mais belos sacrifícios prazem menos à Divindade do
que uma alma virtuosa que faz esforços por se lhe assemelhar. Grave coisa fora
que os deuses dispensassem mais atenção às nossas oferendas, do que à nossa
alma; se tal se desse, poderiam os mais culpados conseguir que eles se lhes
tornassem propícios. Mas, não: verdadeiramente justos e retos só o são os
que, por suas palavras e atos, cumprem seus deveres para com os deuses e para
com os homens. (Cap. X, nos 7 e 8.) XVI.
“Chamo homem vicioso a esse amante vulgar, que mais ama o corpo do que a alma.
O amor está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da
nossa inteligência; até no movimento dos astros o encontramos. É o amor que
orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe
deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar,
silêncio aos ventos e sono à dor”. O
amor, que há de unir os homens por um laço fraternal, é uma conseqüência
dessa teoria de Platão sobre o amor universal, como lei da Natureza. Tendo dito
Sócrates que “o amor não é nem um deus, nem um mortal,
mas um grande demônio”, isto é, um
grande Espírito que preside ao amor universal, essa proposição lhe foi
imputada como crime. XVII.
“A virtude não pode ser ensinada; vem por dom de Deus aos que a possuem”. É
quase a doutrina cristã sobre a graça; mas, se a virtude é um dom de Deus, é
um favor e, então, pode perguntar-se por que não é concedida a todos. Por
outro lado, se é um dom, carece de mérito para aquele que a possui. O
Espiritismo é mais explícito, dizendo que aquele que possui a virtude a
adquiriu por seus esforços, em existências sucessivas, despojando-se pouco a
pouco de suas imperfeições. A
graça é a força que Deus faculta ao homem de boa vontade para se expungir do
mal e praticar o bem. XVIII.
“É disposição natural em todos nós a de nos apercebermos muito menos dos
nossos defeitos, do que dos de outrem”. Diz
o Evangelho: “Vedes a palha que está no olho do vosso próximo e não vedes a
trave que está no vosso.” (Cap.X, nos 9 e
10.) XIX.
“Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é
que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom
estado, impossível é que uma parte dele passe bem”. O
Espiritismo fornece a chave das relações existentes entre a alma e o corpo e
prova que um reage incessantemente sobre o outro. Abre, assim, nova senda para a
Ciência. Como
lhe mostrar a verdadeira causa de certas afecções, faculta-lhe os meios de as
combater. Quando a Ciência levar em conta a ação do elemento espiritual na
economia, menos freqüentes serão os seus maus êxitos. XX.
“Todos os homens, a partir da infância, muito mais fazem de mal, do que de
bem”. Essa
sentença de Sócrates fere a grave questão da predominância do mal na Terra,
questão insolúvel sem o conhecimento da pluralidade dos mundos e da destinação
do planeta terreno, habitado apenas por uma fração mínima da Humanidade.
Somente o Espiritismo resolve essa questão, que se encontra explanada nos capítulos
II, III e V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” XXI.
“Ajuizado serás, não supondo que sabes o que ignoras”. Isso
vai com vistas aos que criticam aquilo de que desconhecem até mesmo os
primeiros termos. Platão completa esse pensamento de Sócrates, dizendo:
“Tentemos, primeiro, torná-los, se for possível, mais honestos nas palavras;
se não o forem, não nos preocupemos com eles e não procuremos senão a
verdade. Cuidemos de instruir-nos, mas não nos injuriemos.” É assim
que devem proceder os espíritas com relação aos seus contraditores de boa ou
má-fé. Revivesse
hoje Platão e acharia as coisas quase como no seu tempo e poderia usar da mesma
linguagem. Também Sócrates toparia criaturas que zombariam da sua crença nos
Espíritos e que o qualificariam de louco, assim como ao seu discípulo Platão. Foi por haver professado esses princípios que Sócrates se viu ridicularizado, depois acusado de impiedade e condenado a beber cicuta. Tão certo é que, levantando contra si os interesses e os preconceitos que elas ferem, as grandes verdades novas não se podem firmar sem luta e sem fazer mártires.
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